
“Ao meu filho mais velho, que ama a natureza, deixo-lhe a fazenda que possui todas as condições para ele viver. Ao meu filho mais jovem, cuja inclinação para o comércio é conhecida por todos, deixo-lhe a grande casa comercial na qual ganhei toda a minha fortuna. À minha filha, a qual ama as artes e tudo quanto é belo, deixo o meu palácio e todos os objetos de arte que consegui colecionar.”
Foi esse o primeiro testamento do negociante, testamento reconhecidamente justo.
Aconteceu, porém, que alguns meses depois iniciou-se a guerra na Europa. Essa cidade foi uma das mais sacrificadas do conflito mundial. Ao terminar a guerra o negociante que fizera o testamento perdeu tudo quanto possuía.
Contudo havia alguma coisa que a guerra não destruíra. Fez então novo testamento, desta vez muito diferente. Sendo homem de fé, depois de orar a Deus, ele mesmo e não o tabelião escreveu o novo testamento, no qual se lia o seguinte:
“Ao meu filho mais velho deixo a infalível fé em Deus, o qual cuida dos humildes. Ao meu filho mais novo deixo a fraternidade e o amor que reparte com os necessitados. À minha filha deixo a verdade e a bondade que apontam para as belezas da eternidade.”
Agora, pergunto a você: Qual foi o melhor desses dois testamentos?
Encontrei tal preciosidade em minhas relíquias literárias, coisa pra 1.973 afora, mas nem por isso deixa de ser uma reflexão atual.
Esli Siqueira é psicanalista clínico e escreve para o portal adcolombo.com.br