domingo, 17 de novembro de 2013
A Revolução do Sal
Cansado de seu papel coadjuvante, de sua invisibilidade. Carregado de ciúmes e inveja dos pratos principais. Cheio de tédio por não ser lembrado ou reconhecido, por não ocupar os lugares de destaque nas revistas especializadas. Questionando seu papel nos bastidores da fama. Ferido em seu orgulho próprio.
Um dia se levanta e decide ocupar o seu lugar de direito. Afinal de contas nada do que acontece seria possível sem ele. Nenhuma iguaria teria o mesmo sabor não fosse suas qualidades, seu dom natural. A partir de agora todos enxergariam o seu valor.
Para colocar o seu plano em prática restaram-lhe dois caminhos: o amargo sabor de uma overdose sua ou então; a insipidez de sua falta. Foi aí que houve um racha na revolução. Metade decidiu deixar de salgar e a outra ocupar cada canto do mundo com seu excesso.
E aos poucos o mundo foi perdendo o seu tempero.
Mt 5:13
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Com ou sem violência
Alguns meses
atrás fui surpreendido com uma experiência de vida inédita. Meu filho, de sete
anos de idade, estava sofrendo bullying na escola. A primeira reação foi de
espanto em saber que este tipo de coisa está começando cada vez mais cedo. A
maldade nasce em corações ainda pequenos. A segunda reação foi de raiva, de
vontade de vingar o meu filho. O desejo que começava a nascer era o do revide.
Algo como: “Filho, feche a mão, mire o nariz do cara e lhe dê um soco com toda
a sua força”. Embora minha atitude, depois de alguns dias de reflexão, não
tenho sido esta, entendi com mais exatidão o sentimento que brota de injustiças
que te afetam diretamente.
Cá entre nós,
de injustiças nós brasileiros entendemos muito bem. Os levantes que agora
surgem nada mais são que o resultado dos nós nas gargantas e dos embrulhos nos
estômagos que todo brasileiro sente (uns mais que outros) todas as vezes que
somos expostos aos mandos e desmandos governamentais, das falcatruas, da
corrupção que rola solta, de políticos cada vez mais corruptos e caras de pau e
– principalmente – quando temos que pagar nossos mais variados impostos e
principalmente conviver com mais e mais aumentos e de preços e péssimos
serviços básicos.
Tenho
acompanhado a ação de estudantes e manifestantes que estão tentando fazer o
movimento “Catraca Livre” o marco inicial de uma possível revolução em nosso
país assolado por uma ditadura da ignorância e da subserviência. Contudo, me
parece nítido a falta de organização e planejamento e uma sede de vingança e
revide como mola motivacional do movimento.
Há algum
tempo atrás tive acesso ao trabalho de Gene Sharp através do livro “Da Ditadura
a Democracia – Uma Estrutura Conceitual para a Libertação”. Gene Sharp é
fundador do Instituto Albert Einstein, uma organização não governamental que se
dedica ao estudo e a divulgação de ações não violentas de combate a regimes
totalitários. Seus pensamentos e ensinamentos têm sido utilizados em quase todo
o mundo por movimentos revolucionários democráticos, incluindo todos aqueles
ligados a primavera árabe.
Usado quase
como uma bíblia ou manual de conduta o livro de Sharp traz 198 métodos de ação
não violenta, indo de discursos públicos a orações e de declarações públicas a
simulacros de funerais.
Gene Sharp
estudou com cuidado e detalhes todas as principais pessoas e ações mundiais e
históricas onde a não violência organizada conseguiu de forma brilhante os
objetivos que perseguiam na destruição das ditaduras. Entre elas Mandela,
Luther King, Gandhi, etc. “Uma das minhas
grandes preocupações por muitos anos, foi como as pessoas podem evitar e
destruir ditaduras. Isso foi alimentado, em parte devido à crença que os seres
humanos não devem ser dominados e destruídos por tais regimes. Essa crença foi
reforçada por leituras sobre a importância da liberdade humana, sobre a
natureza das ditaduras (desde Aristóteles até analistas do totalitarismo), e as
histórias de ditaduras (especialmente os sistemas nazista e estalinista).”
O que mais
me chamou a atenção no trabalho de Sharp foi a demonstração de coragem (acima
do normal) que pessoas assumiram para lutar contra as tiranias. De fora temos a
impressão que é necessária muita coragem para enfrentar policiais e soldados,
atirando pedras, resistindo a gases e cachorros, pontapés e sprays de pimenta,
mas Sharp mostra que coragem maior vem daqueles dispostos a vencer pela não
violência.
Segundo
Sharp, a violência não é a melhor alternativa por vários motivos, mas o maior
deles é que o seu inimigo sabe melhor que você como utilizá-la: “Independentemente do mérito da opção de
violência, no entanto, uma coisa é certa. Ao depositar a confiança nos meios
violentos, escolhe-se exatamente o tipo de luta em que os opressores, quase
sempre têm a superioridade. Os ditadores estão equipados para aplicar violência
esmagadora. Não importa quão longa ou brevemente esses democratas possam
continuar, eventualmente, as duras realidades militares tornam-se inevitáveis.
Os ditadores têm quase sempre superioridade em equipamento militar, munições,
transportes, e tamanho das forças militares. Apesar da bravura, os democratas não
são (quase sempre) páreo para eles.”
Também sinto
nojo, embrulho no estômago e uma sede de vingança com tudo o que vivemos em
nosso país assolado pela injustiça e pela corrupção. Também tenho vontade de
socar a cara de corruptos que engordam com aquilo que nos pertence, mas optar
pela violência é como abandonar nossos valores e nos rendermos ao lado negro da
força. Não é fácil se manter íntegro quando tudo a sua volta demonstra o
contrário. Luther King e Gandhi também tiveram desertores em suas causas, aqueles
que preferiram o combate, a luta armada, o revide ao invés de optar pelos atos
não violentos, contudo, o que a história nos mostra é que só aqueles que se
mantiveram íntegros e corajosos é que alcançaram a vitória. Dos soldados
armados, mesmo que com objetivos justos, não ouvimos falar, eles foram
derrotados.
Então, qual
a melhor saída? Sem dúvidas petições on line e ativismos virtuais por si só não
conseguirão resultados efetivos. É necessário sim sair as ruas, empunhar
bandeiras e mudar estilos de vida. Organização e planejamento para ações
nacionais e coordenadas. Pensadores, artistas e religiosos unidos em propósitos
específicos e acima de tudo os métodos corretos do lado da verdade e da
honestidade.
Depois que a
sede de vingança passa o conselho se transforma: “Filho, você precisa ser mais
corajoso que eles. Resista, mas não revide. O final vai mostrar quem ganhou. Se
você nunca desistir, você nunca vai perder”.
Precisamos
nos mobilizar. É urgente a ação e disso não temos dúvidas, mas o sucesso
depende da forma, do contrário nos transformamos naquilo que mais odiamos e terminamos
por lutar contra nós mesmos.
quarta-feira, 27 de março de 2013
Tá tudo errado

Agora
estou realmente preocupado, impressionante como lendo atentamente os erros
saltam aos olhos. Isso é inadmissível. Aqui tem coisas como: amar inimigos,
bendizer quem me maldiz, fazer bem a quem me odeia e orar por quem me maltrata
e me persegue.
Tá tudo
errado!
Você tá
chocado? Você não ouviu da missa a metade. Dá uma olhada nessa: se alguém
quiser brigar com você e te roubar o cachecol, dê a ele a sua jaqueta também; e
outra: que você não deve se desviar daquelas pessoas que vão te pedir dinheiro
emprestado. Kkkkkk... só rindo. É pracabá mesmo.
Não
ajuntar grana na terra, não se preocupar com o amanhã, preferir o fundão e
gente simples, dar a cara a tapa, camelos em agulhas, ricos com a moral baixa.
Cara, é
tudo muito absurdo!
O que me
deixa um pouco mais tranquilo é que já abandonaram esta bíblia cheia de erros
para pregar por aí.
Isso não
é coisa pra gente normal, santa e religiosa. Isso é coisa de louco.
Enfim,
minha sugestão para corrigir os erros bíblicos. Lembrando que os passos devem,
necessariamente, serem seguidos em ordem cronológica. Também recomendo um
intervalo mínimo de um ano na aplicação de cada um deles:
Passo 1 –
Abolir textos como os de Mateus, capítulos 5, 6 e 7;
Passo 2 –
Diminuir a exposição oral dos evangelhos nas igrejas até a sua abolição
completa;
Passo 3 –
Eliminar, gradualmente, as cartas de Paulo, começando por Filipenses (nada de
alegria em qualquer circunstância);
Passo 4 –
Organizar seminários que enfatizem as promessas de Deus ao povo de Israel
(Hebreus) e a sua correlação com os dias atuais;
Passo 5 –
Publicar cópias apenas do Velho Testamento e distribuí-las gratuitamente como
costumam fazer algumas instituições com o Novo.
Acredito
ser este um bom início para, enfim, alinhar o discurso com a prática e evitar
qualquer tipo de má interpretação.
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