Não fomos feitos para a imobilidade. Ir além faz parte de
nosso DNA e a busca pelo novo, pelo desconhecido povoa nossa mente desde a mais
tenra idade. Contudo, o nosso problema não reside em ir além, mas sim em COMO
ir além. Nossos meios de locomoção interior são as raízes das encruzilhadas
humanas.
Qual é a melhor forma de progredirmos? Andar. A primeira
resposta que nos vem a mente. Somos peregrinos e a caminhada – seja ela física,
emocional ou espiritual – só acontece com um passo após o outro. Do aplauso aos
nossos primeiros passos vem a nossa vocação para a caminhada, nossa ligação com
o chão, nossa resposta direta a gravidade. Seria ela a resposta que nossa alma
tanto busca? Não, diriam outros, voar é a resposta para ir além. Vencer o nosso
desprovimento natural de asas é o que nos faz quebrar as barreiras que nos
prendem a este mundo.
A quem diga que as perdemos durante a queda humana. A prova seriam
os anjos, seres espirituais, como o homem na essência da criação. A quem as
busque no plano carnal e físico, e para isto basta a inteligência racional humana
para colocar toneladas em vôo de cruzeiro acima de nossas cabeças. Ícaro e
Dédalo voaram com penas e cera para fugir de um labirinto mitológico. Poetas e
artistas as colocam como sustentação da imaginação e vão muito além do que os racionais
algum dia imaginaram estar.
Para mim o certo é que andar é a nossa vocação, mas voar é o
nosso destino. Todos nós desejamos asas, que atire a primeira pedra quem nunca
se viu voando em sonhos. Nosso medo de altura é apenas físico, pois
espiritualmente o nosso real desejo é voar, ele foi plantado em nós
pelo criador.
Qualquer um disposto a voar deveria se perguntar antes de tudo:
asas, pra que te quero?
Se a resposta for por que este é o meu destino, então voe,
voe muito, voe alto e tenha a convicção que o chão duro não é o final do seu vôo,
mas sim a passagem para o alto céu. Lá onde as asas não são feitas de velas e
cordas, mas de amor.
Asas, pra que te quero? Para um dia poder voar também.
Em memória de Josias Senkiw dos Santos.