quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Asas pra que te quero

Não fomos feitos para a imobilidade. Ir além faz parte de nosso DNA e a busca pelo novo, pelo desconhecido povoa nossa mente desde a mais tenra idade. Contudo, o nosso problema não reside em ir além, mas sim em COMO ir além. Nossos meios de locomoção interior são as raízes das encruzilhadas humanas.
 
Qual é a melhor forma de progredirmos? Andar. A primeira resposta que nos vem a mente. Somos peregrinos e a caminhada – seja ela física, emocional ou espiritual – só acontece com um passo após o outro. Do aplauso aos nossos primeiros passos vem a nossa vocação para a caminhada, nossa ligação com o chão, nossa resposta direta a gravidade. Seria ela a resposta que nossa alma tanto busca? Não, diriam outros, voar é a resposta para ir além. Vencer o nosso desprovimento natural de asas é o que nos faz quebrar as barreiras que nos prendem a este mundo.
 
A quem diga que as perdemos durante a queda humana. A prova seriam os anjos, seres espirituais, como o homem na essência da criação. A quem as busque no plano carnal e físico, e para isto basta a inteligência racional humana para colocar toneladas em vôo de cruzeiro acima de nossas cabeças. Ícaro e Dédalo voaram com penas e cera para fugir de um labirinto mitológico. Poetas e artistas as colocam como sustentação da imaginação e vão muito além do que os racionais algum dia imaginaram estar.
 
Para mim o certo é que andar é a nossa vocação, mas voar é o nosso destino. Todos nós desejamos asas, que atire a primeira pedra quem nunca se viu voando em sonhos. Nosso medo de altura é apenas físico, pois espiritualmente o nosso real desejo é voar, ele foi plantado em nós pelo criador.
 
Em terra e aprisionados fisicamente a quem as busque de antemão para tentar saborear o que os pássaros experimentam todo dia. As buscam e as enxergam como libertadoras e graciosas em distribuir emoções não comumente experimentadas pelos mortais. Porém, mal entendem eles que as verdadeiras asas a serem buscadas são as espirituais. Voar no plano terreno é esporte de risco, voar no plano espiritual produz vida abundante sem perigos ou contra indicações.

Qualquer um disposto a voar deveria se perguntar antes de tudo: asas, pra que te quero?
Se a resposta for por que este é o meu destino, então voe, voe muito, voe alto e tenha a convicção que o chão duro não é o final do seu vôo, mas sim a passagem para o alto céu. Lá onde as asas não são feitas de velas e cordas, mas de amor.

Asas, pra que te quero? Para um dia poder voar também.
Em memória de Josias Senkiw dos Santos.

Um comentário:

Graciele disse...

Lendo seu texto lembrei-me da letra da música "Lugares Altos":

"Dá-me tuas asas, pra te alcançar, nos lugares altos aonde tu estás.
Estás assentando acima de todos, tão grande Tu És, mas mesmo assim habitas em mim..."

Que possamos viver nossas vidas no anseio de ganharmos asas e voar, voar em direção ao nosso Lar!!