quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sobre piás, velhos, bem e mal

Apesar de todas as minhas tentativas (frustradas) de parecer mais jovem minha barriga e os meus poucos cabelos me fazem atentar para a verdade nua e crua, esta minha fase se foi.

Me lembro de algumas conversas que tive com meu irmão onde dizíamos e prometíamos um ao outro que não envelheceríamos. Pois bem, ele cumpriu a promessa e não envelheceu. Faleceu aos 33 anos sendo o cara mais boa praça que eu já conheci. Carregando consigo todos os adjetivos possíveis a imagináveis que uma pessoa pode ter. E entre todos eles, para mim, o que mais o definia era simplesmente "um piá do bem".

Ser um cara do bem parece significar pouco e muito ao mesmo tempo. Enquanto tantos adotam o lado da maldade como regra de vida ainda existem aqueles que não se curvam diante dela. No meu irmão ser um cara do bem soava mais simples e descomplicado, um cara gente boa capaz de amontoar os tijolos no fundo da casa e improvisar uma churrasqueira onde amigos podiam estar reunidos e conversas serem jogadas fora.

Não sei se você já reparou, mas dá impressão que carregamos algum dispositivo de série que nos mostra de alguma maneira a que turma o cara (ou a cara) pertence, "do bem" ou "do mal". Também parece que quanto mais o tempo passa mais difícil fazer o cidadão mudar de lado. Parece que a juventude tem um fator preponderante nas definições futuras do lado que você vai escolher. Minha preocupação é justamente esta, o grande número de jovens escolhendo o lado da maldade, os "piás do mal".

Se há uma coisa que me entristece é ver pessoas tão novas já com ares de "caras do mal". Parece que esta mistura não combina, juventude e maldade não foram feitas para andarem juntas. Parece soar mais familiar dizer um "homem do mal" do que um "piá do mal". Mas o mal é uma doença que tem nos jovens seu grupo de risco. Não adoecer no espírito ainda fresco da juventude pode ser a definição de um destino.

É importante deixar claro que esta doença não tem nada com sexo ou drogas (muito menos rock'n roll), isso sempre existiu no meio de jovens do bem ou do mal. A proliferação dessa doença é muito maior que isto. A maldade que fica estampada é aquela que faz com que o cara chute o bêbado caído no chão enquanto o correto seria levá-lo até sua casa. A maldade clara é aquela que espanca o morador de rua ao invés de lhe oferecer um cobertor. De novo, a questão não é o álcool ou as drogas, a maldade verdadeira é maior que todas as drogas juntas. É mais fácil recuperar um drogado do que tirar a maldade do coração de um jovem.

O Renato tinha razão, cada vez menos os "santos" tem a exata noção da medida da maldade e os jovens continuam adoecendo, cada dia mais, cada dia em maiores quantidades, cada dia com atos mais violentos, cada dia com mais naturalidade, cada dia mais impunes, cada dia mais achando que o certo é errado e o errado é certo.

Se for para envelhecerem assim que se curem antes e só então se tornem homens.

Se meu irmão ainda fosse vivo eu lhe diria: "Mudei de idéia mano, pode envelhecer tranquilo, piás do bem como você serão sempre velhos homens jovens"... saudade.

A maldade envelhece mas a bondade nos faz como crianças.


Nota aos de fora: piá = menino, moleque, guri.

3 comentários:

Unknown disse...

Irmão Adeildo, concordo plenamente com esta analogia, e posso ainda acrescentar que a maldade já é uma "doença" que nasce com o "dito" ser racional, e esta racionalidade toda ainda permeia o direito de "sermos" capazes de destruir vidas, no caso do aborto, em prol de fazermos o "BEM!!!".
Bem disse Jesus: " O amor de muitos esfriaria por multiplicar a iniquidade"
Paulo ainda reforça dizendo: " o bem que quero fazer, não o faço; mas o que não quero, isto faço", denota simplesmente que se não buscarmos a viver uma vida completa de Cristo em nós, certamente seremos piás do MAL.
Abraços.
Antonio M. Corpa

Josélia disse...

Amor, muito bom que DEUS CONTINUE TE INSPIRANDO, MUITO BOM O TEXTO
BJOS

Adeildo Nascimento Filho disse...

Antonio e Jô, muito obrigado pelos comentários e pela visita.
Abraço