sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Bem-aventurados os que choram

Longe de mim tentar ser um grande intérprete das escrituras, no mínimo curioso eu diria. Sigo a linha da dúvida, acredito que ela prova mais a minha fé do que minhas poucas certezas, ou seja, a fé é mais clara quando há mais coisas sem explicação do que quando existem provas para elas.

Estou dizendo isso porque nessa semana me deparei novamente com o texto “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados” em Mateus 5:4 e ele me fez pensar.

Corta o coração de qualquer um ver o poder destruidor de um terremoto e a situação de pessoas levadas ao limite das condições humanas na briga por míseras porções de comida e água. É de fazer chorar o sofrimento de crianças sem seus pais e de pais sem seus filhos. Não há maior produtor de lágrimas do que rostos e corpos feridos em busca de resgate e salvamento.

Contudo, ao ler a frase de Jesus escrita em Mateus no famoso sermão do monte, cheguei a conclusão de que meu choro não é um choro passível de consolo. Eu não mereço o pagamento por esta bem aventurança. Esse não é o tipo de choro que merece o consolo divino.

Acredito que Jesus não falava do choro de quem assiste a distância as mazelas do mundo e que não faz nada para mudar a história da humanidade. Choro assim tem mais cara de arrependimento e vergonha do que sofrimento.

Bendito será o consolo divino para aqueles que realmente choram o choro do sofrimento. Dos pequeninos colocados a margem da vida digna. Se não há plantação sem a devida colheita também não haverá choro sem o seu devido consolo para estes “bem-aventurados” citados por Jesus.

O evangelho e seus paradoxos, como pode ser feliz quem chora assim?... sou muito novo em relação a eternidade para tentar responder essa pergunta.

Sigo chorando de arrependimento e vergonha sabendo que não mereço nenhum tipo de consolo por isso.

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