sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Da nossa intolerância com a morte

Já não é de hoje nossa intolerância com a morte. Mas tenho a impressão que ela vem se acentuando com o passar do tempo. Por mais parodoxo que seja, nossos velórios já não são mais tão alegres quanto costumavam ser.

Minhas humildes explicações para isso são: em primeiro lugar nossa perspectiva de tempo; algumas vezes 10 meses parecem mais tempo que 10 dias. Você já reparou como fica nossa noção do tempo quando estamos planejando uma festa? Nos 10 meses que a antecedem a impressão é que vai faltar tempo para organizar tudo o precisamos, em compensação os 10 dias anteriores parecem os mais longos da história, a véspera nem se fale, os minutos parecem dias em nossa ansiedade e expectativa.

Como nós estamos a tempo esperando o dia de uma festa (as bodas do cordeiro) os dias que a antecedem parecem que se desenrolam em marcha lenta. Aí reside a noção de que o tempo em que levaremos para rever nossos avós, pais, amigos e irmãos será extremamente demorado.

De outro lado me enxergo como o profeta Elias que se viu angustiado por não ser melhor que seus pais a ponto de pedir a morte para si. A cada dia que passa nossa luta contra a iniquidade é maior e nadar contra a maré da profecia de que o amor de quase todos esfriaria é uma dura batalha.

Contra isso só nos resta pedir aos nossos pais que orem para que sejamos melhores que eles e orarmos a Deus pedindo que nossos filhos sejam melhores do que somos. Só assim teremos alguma chance contra a profecia e poderemos ser contados com aqueles poucos que ainda mantem o amor vivo.

Nossa única alternativa é mantê-lo vivo através das gerações até o dia em que o vejamos face a face. Todos juntos eu espero.

Em memória da minha querida tia Neusa. Ao tio Dedé, Ricardo, Zanza, Deise e Di.

P.S.: O céu será tão bom que terá uma rampa encerada para que os pançudos e pançudas escorreguem.

Fiquem com Deus. Beijo.

Del

Um comentário:

sarah disse...

Conhecer o dono do tempo; aquele que "muda os tempos e as horas", é o melhor remédio pra não sofrer as angústias cruéis deste tempo. Conhecer e prosseguir em conhecer a Cristo é o grande segredo de viver o tempo, e crescer com o tempo. E quem sabe então, sejamos melhores do que os nossos pais, com a capacidade de ensinar aos filhos o caminho pra serem melhores do que nós.