terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sentados ou em pé?

Com certeza você já deve ter ouvido frases como esta várias vezes em sua igreja: “Convido os amados irmãos a se colocarem em pé”, ou “Podeis tomar assento”... não ouviu?? Embora a princípio pareça um assunto irrelevante, não é.

Não foi nem uma nem duas vezes que me deparei com reclamações acaloradas a respeito das constantes mudanças de posição na igreja, ou então pelo fato de se ficar muito tempo em pé... principalmente nos momentos de louvor e adoração. Aqueles que convivem comigo sabem que este é um assunto que me preocupa quando estou ministrando... será que os irmãos estão incomodados de estarem em pé. E no fim das contas acabo ficando triste em constatar que uma boa parte deles estão.

Não gostaria de comentar o assunto em si, mas sim descorrer um pouco sobre a história dos bancos na igreja... afinal de contas se não houvessem bancos o assunto não faria sentido.

Sabemos que no início da igreja os locais de cultos e adoração invariavelmente eram as casas dos cristãos e dificilmente existiriam bancos nos moldes que temos hoje. Os primeiros templos construídos seguiram os padrões das cortes romanas, onde apenas o juiz ficava sentado e o restante do povo se colocava em pé, num nível abaixo diante dele. Nas primeiras igrejas européias apenas os bispos e seus assistentes ficavam sentados, o restante do povo ocupava as grandes e espaçosas naves das igrejas em pé ou de joelhos.

Na idade média a concentração de fiéis mudou de local, ao invés da nave das igrejas o movimento foi transferido para as áreas laterais dos templos... com a idolatria aumentando consideravelmente, as praças laterais dos templos se enchiam com imagens e capelas onde os fiéis podiam caminhar de uma a outra fazendo suas orações. Nesta época apenas os monastérios possuiam bancos onde os monges de sentavam para rezar.

A partir de 1400 algumas igrejas começaram a construir bancos tanto na nave das igrejas como em seus arredores, buscando um maior conforto dos fiéis em suas orações e penitências.

A reforma protestante, contudo, buscou uma maior proximidade do povo com a ação nos púlpitos. Os reformadores também queriam que o culto tivesse um caráter de ensino, pois até então, pelo modo como as missas eram rezadas dificilmente eram entendidas... então pela primeira vez, foi solicitado que a congregação se sentasse e prestasse atenção na exposição da palavra... em algumas oportunidades a congregação podia se manifestar e perguntar a cerca do que não entendia, situação até então proibida.

A atenção dispensada ao ensino da palavra através da reforma protestante foi tão intensa que a partir de então a presença dos bancos foi massiva e a partir de 1600 dificilmente existiu uma igreja católica ou protestante sem bancos.

A partir de 1960, porém, o louvor/adoração começa a tomar parte dos cultos protestantes em conjunto com o ensino da palavra, e então se começa uma busca aos moldes de adoração da igreja primitiva... onde isto era feito de pé, ajoelhado ou em várias vezes com o rosto no chão – Algumas igrejas católicas ortodoxas nunca chegaram a introduzir bancos em seus cultos, buscando manter os moldes primitivos.

Por todo o contexto histórico e cultural de nossas igrejas creio que as frases citadas acima ainda vão ser ouvidas várias vezes em nossos cultos... sentados para ouvir a palavra, em pé para adorar à Deus.

Eu, particularmente, espero o dia em que a alegria de ouvir a palavra e adorar à Deus seja tão grande em nossas igrejas que esta discussão perca o sentido. Seja em pé, sentado, de joelhos ou com o rosto no chão, o que realmente importa é que o nosso culto seja prestado à Deus e que sejamos receptivos e atenciosos a sua voz.

Um grande abraço. Deus os abençoe... e, podeis tomar assento.

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